Meu nome é Sabrina e minha viagem rumo ao meu real propósito de vida iniciou a dois anos quando, graças a um AVC, descobri que sou mortal. Sim, eu sou mortal! E sinto informar, mas você também é. E pior, nossa viagem pode acabar a qualquer momento, sem nenhum aviso. É justamente por isso que precisamos tomar posse de nossas vidas e começar imediatamente a sermos felizes! Então, te convido a ter atitudes imediatas rumo à felicidade a partir de agora.
segunda-feira, 11 de abril de 2016
Procura-se um Culpado
Hoje minha proposta é viajar até sua infância, quando você ainda era só uma criança inocente e desprotegida. Um belo dia, enquanto você corria pela casa, trombou com uma mesa e caiu. Diante da dor da pancada você começou a chorar e seu choro chamou atenção de sua mãe, que imediatamente correu para lhe alentar. Nesse momento, sua mãe, tocada pelo seu sofrimento, resolve remediar a situação atribuindo a culpa daquele incidente à mesa. Sim, à mesa! Aquele objeto inerte e desprovido de vontade.
"Mesa malvada!! Mesa boba! Machucou o meu bebê!"
Imediatamente sua atenção se volta á reprimenda da sua mãe e você fica mais tranquilo diante do sentenciamento de culpa daquela mesa malvada. Você é só uma vítima daquela mesa! Assim, você passa a sentir o conforto do deslocamento da culpa para outro ser.
A vitimização é aprendida! É mais cômodo colocar a culpa no outro. É feio ser culpado! O culpado merece ser punido! No entanto, a vítima, coitada, precisa ser cuidada. Portanto, se eu tiver que escolher, mesmo que inconscientemente, a escolha mais fácil é o papel da vítima e não a do culpado.
Dia desses, em meio a mais uma das minhas rotineiras crises de enxaqueca, resolvi estacionar o carro o mais próximo possível da entrada da escola das crianças. Na tentativa de economizar esforço na subida íngreme do caminho, me encaixei em um espaço bastante restrito e acabei por deixar a traseira do carro avançando um pouco a demarcação amarela do meio fio que indicava uma entrada de garagem. Corri até a escola, tentando me lembrar se alguma vez havia visto alguém acessando aquela garagem, já que a casa estava tomada por cartazes de "vende-se". Peguei as crianças e voltei "a trote" para o carro, e... tcharãããã!!!! Avistei um senhor fechando o portão da dita garagem, onde acabara de estacionar sua camionete. Tive vontade de sumir, de desaparecer, de esperar ele entrar em casa, mas fui pro carro. Assim que entrei ouvi uma batida no vidro e abri a janela para ouvir os brados daquele senhor, que, com toda razão, me xingava pelo meu desrespeito. Deixei ele falar e, morrendo de vergonha, disse: "Me perdoa! O senhor tem toda a razão! Eu jamais poderia ter feito isso!". Nesse momento, minha surpresa só não foi maior que a dele.
Nitidamente ele demonstrou-se surpreso com minha confissão de culpa. De imediato seu discurso mudou e quando percebi ele estava me explicando que "na verdade eu nem estava atrapalhando tanto assim"(até porque ele já tinha colocado o carro na garagem), mas que aquela situação se repetia diariamente e que ele tinha descontado todo seu descontentamento em mim. Senti que mais cinco minutos ali e nós poderíamos tomar uma cerveja e rir daquela situação. Ok, não foi pra tanto! Mas o que ficou muito claro é que ele veio ao meu encontro pronto para o embate. Ele me repreenderia e eu me defenderia. Só que não. Não vou negar que o meu impulso inicial foi de me defender dizendo que "foram só 5 minutos!", ou que "se eu realmente estivesse atrapalhando ele não teria conseguido estacionar"... mas resolvi assumir minha culpa pelo simples fato de que ela existia.
O mais surpreendente dessa história veio depois. Meu filho de 10 anos que assistia a toda cena do banco de trás do carro, me disse: "Que homem chato, né mãe? Tu nem tava atrapalhando ele!". Nesse momento meu sangue gelou. Olhei para ele e expliquei que "o certo é certo, e o que é errado é errado sempre! Mesmo que ninguém esteja olhando". Eu havia atrapalhado aquele homem e por isso ele tinha razão de ficar incomodado com aquilo. Ele tinha razão. Eu não!
Depois de uma breve pausa meu filho disse: "É mãe, mas tu pediu desculpa e deixou ele feliz!" Aproveitei a deixa e completei: "e a mãe aprendeu e não vai mais fazer isso!"
Hoje, relatando esse fato aqui, me senti leve por ter reconhecido meu erro e ter, mesmo que sem querer, mostrado para as crianças que errar é humano (até a mãe erra), mas que o importante é reconhecer o erro e aprender com ele. Afinal:
"A palavra convence, mas o exemplo arrasta."
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