O que você quer?
O documentário "Happy" começa fazendo essa pergunta às pessoas na rua. A resposta: "ser feliz".
Até aí tudo normal, afinal quem não quer ser feliz? Mas o caso é "onde está essa felicidade". Você sabe onde está a sua felicidade? Nesse documentário de 75 minutos, pessoas de lugares como Índia, Butão, Dinamarca falam do que é felicidade para cada uma delas. Mesmo diante das maiores adversidades como no caso da mulher desfigurada em um acidente onde foi arrastada por um carro, passando anos em cirurgias complicadas que nunca conseguiram lhe reconstituir uma aparência adequada, se diz mais feliz hoje do que antes do acidente.
De acordo com estudos, a felicidade é 50% um fator genético, isto é, você tem ou não a predisposição a ser feliz, e isso compõe até 50% da sua possibilidade de felicidade total. 40% da sua felicidade é intencional, você busca ser feliz. E, finalmente, os 10% restantes são fatores circunstanciais (onde você mora, o que você faz, quanto você ganha...). Sabe o que isso quer dizer? Que você pode escolher ver o copo meio cheio, ainda que você já nasça com ele meio vazio. Suas escolhas implicam em 40% das suas chances de ser uma pessoa feliz. Em outras palavras: VOCÊ PODE DECIDIR SER FELIZ OU NÃO!
Ainda existem aqueles 10% circunstanciais que te dão a chance de aumentar seu nível de dopamina (neurotransmissor responsável pelas sensações de prazer) no organismo através de exercícios físicos, relações interpessoais (vínculos), experiências (viagens, voluntariado)...
Importante também salientar que a felicidade é obtida através de dois tipos de metas: intrínsecas (satisfação pessoal, experiências) e extrínsecas (dinheiro, fama). A diferença principal entre essas metas é que as intrínsecas (vem de dentro) tem duração maior do que as extrínsecas (vem de fora). Exemplo: você fica feliz em receber um aumento salarial, não é? 99,99% de chance de sua resposta ter sido afirmativa. Mas essa felicidade tem uma duração bastante limitada, pois, mesmo que você tenha ganho na Mega, seus padrões e necessidades irão mudar com o tempo e o que antes te satisfazia agora se tornou banal. Carros cada vez mais caros, jóias, mansões... por mais absurdo que isso possa parecer, a felicidade obtida através de fatores externos a você, como neste caso o dinheiro,precisa ser alimentada constantemente por níveis mais elevados desse fator. É como o uso de uma droga (exagerando um pouco). Você acostuma com a dose e ela já não te satisfaz mais. Então você busca cada vez mais para alimentar uma satisfação fugaz.
Acredite se quiser, mas existe uma síndrome chamada de "síndrome da felicidade" onde a pessoa entra em depressão por tudo estar bem demais, por tempo demais. Porque até para se sentir realmente feliz é preciso que exista um contraponto. É preciso lutar ou até de fugir para que a felicidade seja alcançada. Quando ela se torna uma situação corriqueira e cotidiana, a pessoa adoece. Por isso podemos nos deparar com situações onde pensamos: "mas por que aquela pessoa está deprimida se tem tudo que qualquer um pode querer, o tempo todo?"
Se dinheiro fosse garantia de felicidade o Japão teria uma das nações mais felizes do mundo. No entanto os índices de suicídio e de karoshi (morrer de tanto trabalhar) são altíssimos por lá.
No entanto a felicidade que "vem de dentro" dura mais. As experiências se transformam em emoções e as emoções deixam marcas. As lembranças de uma viagem, a primeira vez que o nenê chutou dentro da barriga, reencontrar uma pessoa muito querida, o abraço confortante de um amigo, um elogio sincero... O tempo passa mas as sensações que a recordação destas lembranças trazem permanecem. Esse é o tipo de felicidade que fica.
Ano passado abracei um desafio transformador: ser feliz por 100 dias seguidos. O desafio era mundial e todo santo dia era preciso identificar uma situação, um fato, uma experiência que tenha te deixado feliz. As pessoas usavam as redes sociais para postar fotos ou relatos com #100happydays seguido da contagem dos dias. Foi uma das melhores experiências que eu tive porque, apesar de no início parecer difícil, além de meio bobinho, esse desafio criou em mim o hábito de identificar situações felizes durante o dia que antes passavam desapercebidas. Criei um faro para felicidade que cultivo até hoje para não correr o risco de "enferrujar" o hábito que se tornou automático e que me fez perceber o quão privilegiada e feliz eu sou.
Sendo assim resolvi retomar formalmente os #100happydays. A partir de amanhã irei retomar a prática de perceber e, sempre que possível ou coerente, exibir nas redes sociais os meus momentos felizes sob a hashtag #100HappyDaysAgain. Vamos nessa?