segunda-feira, 28 de março de 2016

O Protesto Criativo

Na semana passada resolvi fazer uma incursão na biblioteca da faculdade. Um dos meus esportes favoritos, sem dúvida, é ficar perdida entre livros, seja em bibliotecas, livrarias, revisteiras... A-D-O-R-O! Assim, estava eu olhando as estantes da biblioteca, sem um proposito definido, só procurando algo que me saltasse aos olhos. Logicamente, depois de meia hora, estava eu com 5 livros nas mãos e mil ideias na cabeça. Destes 5 livros, 3 eram sobre marketing e criatividade. Aparentemente esses assuntos não teriam nada a ver com minhas atividades ou interesses, mas, na verdade, eles têm tudo a ver. A criatividade transforma a vida, normalmente para melhor, e o marketing abre o caminho para as novas ideias.
Mergulhei de cabeça nisso. Fiquei fascinada! Passei então a prestar atenção a campanhas publicitarias que não só vendem produtos ou marcas, mas que se comunicam com os seres humanos, independentes de cor, credo, idade, opção sexual ou política.
Sem dúvida alguma, campanhas que já me chamavam atenção a algum tempo tornaram-se definitivas para ilustras a função do marketing criativo na vida cotidiana. Campanhas como as da Dove, que normalmente questionam os padrões estéticos estabelecidos pela sociedade ou o nosso amor próprio.
"Retratos da Real Beleza" - Num primeiro momento, a propaganda mostra mulheres descrevendo suas características para que um profissional de retratos falados faça seu retrato através desta descrição. Em seguida, outra pessoa, que havia tido contato com aquela primeira, também fazia a descrição da pessoa para o "retratista". A grande sacada da propaganda era no momento em que a pessoa via os retratos lado a lado. Em todos os caso a pessoas havia se descrito de forma depreciativa enquanto que o observador externo (segunda pessoa) havia passado uma visão mais realística, resultando numa reprodução quase que perfeita da pessoa.
"Bonita ou Comum" - O filme registrou mulheres reais em São Francisco, Xangai, Deli, Londres e São Paulo, diante do dilema de escolher porta de entrada identificadas como "Bonita" e noutra "Comum". Inacreditáveis 96% das mulheres escolheram atravessar a porta identificada como "Comum". A maioria sem hesitar.
"Seu cabelo. Sua escolha." - a mais recente das campanhas. Mostra mulheres "ousando" ter o cabelo da maneira que mais agrada a elas mesmas! Incrível, né?
Enfim, as duas primeiras campanhas mostram que a voz que habita nossas cabeças é nosso pior e mais cruel inimigo. É essa voz que diz o tempo todo que não somos boas o suficiente, que nos faz questionar o que os outros irão pensar das nossas atitudes, da cor do nosso cabelo, da nossa forma física, etc. Essa voz nos faz hesitar. Por que? Porque crescemos acreditando que a opinião dos outros é mais importante do que a nossa. Somos ensinados que precisamos ser admirados para vencermos na vida. Temos que atender aos padrões de beleza, de sucesso. Temos mesmo?
A terceira campanha mostra algumas mulheres, que podem ser consideradas ousadas, audaciosas, por romperem com padrões e assumirem suas escolhas. Nesse caso, a grande ousadia destas mulheres é usar seu cabelo da forma que as satisfaça. Só isso, ou tudo isso?
Racionalmente trata-se de uma questão tão pequena, afinal, segundo a vozinha que habita a minha cabeça, existem crianças morrendo de fome no mundo e eu aqui, discutindo o direito de cada um usar seu cabelo como quiser e bem entender. Que absurdo!
Acontece que campanhas como essas da Dove, são feitas para vender produtos sim, mas fazem uso do chamado marketing 3.0, centrado no ser humano. Não naquele ser humano tratado como "objeto" para vender cerveja, mas no ser humano em essência. Que mesmo de biquíni, shorts, ou nu com a mão no bolso, precisa ser tratado com respeito e valorizado pelo ser humano único que é.

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